15 fevereiro 2009

Os rumos políticos da educação

É notável e, ao mesmo tempo não é novidade, que o Governo do Estado carece de uma estrutura efetiva que melhore as condições da educação no Rio Grande do Sul. Professores são mal remunerados, as salas de aula da rede estadual estão cada vez mais precárias e alunos chegam à 4ª série como analfabetos funcionais. Porém, a última atitude tomada para montar uma força tarefa contra o governo deixou a desejar dos nossos educadores.

Estampar a cara de Yeda Crusius em outdoors e folhetos e atribuir sua face a adjetivos como destruição e corrupção excedeu limites. Sim, 10 sindicatos participaram da ação, mas é evidente e claro que foi o Cpers quem comandou a ofensiva. Todos entendem o quanto o governo tem sido negligente às mazelas da educação, mas atacar diretamente uma governante e humilhar uma pessoa publicamente ultrapassa a ética que docentes devem ter.

Essa atitude publicitária não vai garantir nenhum benefício, mas apenas acirrar (ainda mais) a rixa entre a categoria e a administração pública. Aliás, já não se sabe se o sindicato está apenas tentando impedir as mudanças em seu plano de carreira ou se fatores puramente políticos tem influenciado o grupo. Desde que o PSDB se mostrou simpático à reeleição de Yeda, a animosidade entre a tucana e o Cpers aumentou. Parece mesmo que o sindicato entrou na briga eleitoral, e, pelo histórico sindicalista, quer uma frente de esquerda no comando.

Pelo menos, o óbvio já aconteceu. O órgão tão pouco instalou os outdoors e o Ministério Público (MP) já agiu e mandou cobrir todas as ilustrações depois que a governadora ajuizou uma ação contra a iniciativa. Mesmo em São Paulo, cobrindo a agenda (que, sinceramente, permanece obscura) para palestrar sobre sua principal arma, o Déficit Zero, Crusius articulou e tomou conta da ação sindical, bem informada pelo seu primeiro escalão, principalmente, pelo chefe da Casa Civil, José Alberto Wenzel.

Contudo, não é justo tirar a razão dos professores, que estão indignados com a administração pública. Implantar, por exemplo, o sistema de meritocracia em salas de aulas precárias, em escolas com conteúdo bibliográfico escasso e profissionais com salários baixos é, no mínimo, improcedente. Primeiro, o governo precisa rever a planilha de gastos e investir mais em educação. Entretanto, os educadores, que devem ser a base de formação de milhões de crianças e jovens, precisam ter mais cautela antes de promover uma ofensiva tão direta e inconsequente.

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